Militares investigados pela Polícia Federal (PF) por envolvimento em um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022 também realizaram o monitoramento da residência oficial do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo o relatório da Operação Contragolpe, os suspeitos estavam organizados em locais específicos para realizar ações com o objetivo de prender Moraes, mas o plano foi abortado após o adiamento de uma sessão do STF. As informações foram publicadas pela Agência Brasil.
As investigações revelaram que, em mensagens trocadas entre os integrantes do grupo, denominado “Copa 2022”, os acusados discutiam detalhes da operação clandestina. Um trecho do relatório indica que a missão para prender o ministro foi cancelada após a divulgação do adiamento de uma sessão crucial do STF que julgaria a questão do orçamento secreto. A notícia do adiamento foi rapidamente compartilhada no grupo de mensagens, levando à decisão de abortar a operação.
A operação clandestina, que teve como objetivo inicial prender Moraes, ocorreu no contexto da tentativa de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente, após a diplomação de Lula e Geraldo Alckmin pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 12 de dezembro de 2022. De acordo com a PF, os suspeitos usaram codinomes como Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Japão e Gana para se comunicar, e se valeram de linhas telefônicas de terceiros e do aplicativo criptografado Signal para planejar as ações sem deixar rastros.
Além do plano de prisão de Moraes, a PF identificou que o grupo também tinha a intenção de assassinar o presidente eleito Lula e seu vice, Geraldo Alckmin. A data coincidia com a participação de Lula em um evento com catadores de recicláveis em São Paulo e com a presença de Alckmin em uma reunião com governadores em Brasília. A tentativa de ataque visava desestabilizar o processo de transição de poder no Brasil.
A Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira (19), resultou no cumprimento de mandados de prisão contra cinco militares envolvidos na tentativa de golpe. A PF concluiu, após análise das mensagens e localização dos aparelhos celulares dos investigados, que o monitoramento da residência de Moraes era “plenamente plausível”. A investigação continua em andamento, com o objetivo de desarticular o grupo e evitar novas ameaças à democracia no país.