O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, afirmou nesta terça-feira (19) que as investigações divulgadas durante a Operação Contragolpe evidenciam a “participação direta” do núcleo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro em um plano para executar um golpe de Estado. Segundo Pimenta, o objetivo do golpe era assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. As informações foram publicadas pela Agência Brasil.
O ministro fez referência a documentos revelados pelo STF, que indicam que reuniões prévias ocorreram para planejar as ações que culminariam nos assassinatos. Uma dessas reuniões teria ocorrido no dia 12 de novembro de 2022, na casa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Participaram do encontro o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o ex-assessor da Presidência Marcelo Câmara, ambos tenentes-coronéis do Exército.
De acordo com a petição divulgada pelo STF, o planejamento incluía a atuação dos “kids pretos” (integrantes das forças especiais do Exército), cujas ações foram aprovadas nas reuniões, além de ações relacionadas ao monitoramento para a prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes. A petição ainda menciona que o general Mário Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência, teria confirmado diretamente o plano para assassinar Lula e Alckmin, com o objetivo de extinguir a chapa presidencial vencedora.
O grupo criminoso também tinha como meta neutralizar o ministro Alexandre de Moraes, uma das principais figuras do STF que coordenou a investigação sobre o ataque aos Três Poderes em 8 de janeiro deste ano. Paulo Pimenta explicou que as investigações mostram um claro intento de impedir o cumprimento da vontade popular expressa nas urnas, com um golpe de Estado que visava, através da força, remover os vencedores da eleição e aniquilar a chapa presidencial eleita.
Em sua análise, Pimenta ressaltou que as reuniões que ocorreram na casa de Braga Netto indicam um envolvimento mais profundo do núcleo de poder do governo Bolsonaro no planejamento das ações ilícitas. “São fatos extremamente graves que elevam a participação direta do núcleo do governo Bolsonaro a um outro patamar”, afirmou o ministro, durante evento do G20.
Pimenta também enfatizou a gravidade do contexto e o risco iminente que o Brasil enfrentou em dezembro de 2022, destacando que a Operação Contragolpe revela a audácia dos conspiradores, que pretendiam realizar um atentado contra o presidente, o vice e o ministro do STF. “Estávamos à beira de uma tragédia, que poderia ter ocorrido em 8 de janeiro, no dia em que tentaram explodir o aeroporto, ou se a Operação Punhal Verde Amarelo tivesse sido bem-sucedida”, comentou o ministro.
O presidente Lula e as demais autoridades, segundo Pimenta, receberam com perplexidade as informações sobre a operação, dada a gravidade e o envolvimento de figuras tão próximas ao governo anterior. A operação também levantou a possibilidade de participação de oficiais da ativa e até mesmo de integrantes da Polícia Federal. “Não estamos falando de figuras afastadas do núcleo de poder. Estavam dentro do Palácio do Planalto, o que aproxima cada vez mais essa investigação do gabinete do próprio Bolsonaro”, concluiu.
Até o momento, o ex-presidente Bolsonaro não se manifestou sobre as revelações da Operação Contragolpe. O advogado de Walter Braga Netto, Luís Prata, afirmou que só tomou conhecimento dos detalhes da operação pela mídia e que ainda aguarda ter acesso à petição do STF para se manifestar legalmente.